terça-feira, 31 de dezembro de 2013

02 de Fevereiro




O velho pescador sentado na areia
Observa a chegada das ondas do mar
Espumas que lembram cabelo de sereia
O amanhecer anuncia a hora de navegar

O amor ao mar sempre será incondicional
A solidão faz parte da vida do pescador
Seu barco contorna as curvas do litoral
Sua terra sagrada é a Bahia de São Salvador

Iemanjá é mãe de todos os navegantes
Só ela suporta ouvir dores e lamentos
Não importa o quanto  ela está distante
Abraço de mãe, a cura de dores e tormentos

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Soldado



Soldado do tráfico
Soldado do sistema
Soldado do morro
Só um dado para estatística

Hoje é um daqueles dias
Em que parece ter um sol
Em cima de cada cabeça
Que caminha pela cidade

Soldado do medo,
Soldado da guerra,
Soldado do terror
Guerreiro forjado na dor

Deixou para trás a inocência.
Diante de tantas mortes,
o silêncio oferece a lembrança.


quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Sincretismo




Fiz uma oração para São Gerônimo,
conhecido como o Santo Justiceiro.
Prosperidade eu peço a Xangô,
que é meu orixá e padroeiro

Acendo uma vela para São Jorge,
famoso por ser o Santo Guerreiro.
Para abrir os meus caminhos,
Ogum o é meu fiel escudeiro.

Para tomar conta da minha vida,
somente Nossa Senhora Aparecida.
Quando dói o peito recorro à cachoeira,
durmo nos braços de Oxum. Mãe verdadeira!

Valha-me Deus nosso senhor do Bonfim,
não tem tamanho a fé que reside em mim.
Vestido de branco a calma ele simboliza,
meu pai Oxalá traga paz a minha vida.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

À deriva


Acho que perdi a companhia do vento
A brisa converte a lágrima em tempo
Hoje a solidão é tudo que eu tenho
Hoje ser feliz é tudo que eu tento.

A esperança é o veneno da alma
Já não tenho data para comemorar
Dominado por uma sede insaciável,
Sou naufrago que bebe a água do mar


Preciso de permissão para romper
Não consigo encontrar uma saída
Não tenho mais para onde correr
Nem quero saber de vida após vida

Desejo a paz trazida pela morte
Sigo criando minha própria ficção
Viajo pelo mundo sem passaporte
Á deriva, ao sabor da imaginação

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Vendaval


Não vejo mais a luz no fim do túnel
Meu corpo perambula pela cidade
Completamente tomado pela angústia
Dominado pelo mal da ansiedade

A depressão faz parte da minha rotina
A única saída é uma dose de morfina
Religiões são compostas por doutrinas
Encontra-se Pastores em cada esquina

A luz se distancia da minha retina
Pela dor estou ficando entorpecido
Sinto no clima a chegada da neblina
Um corpo pelo tempo carcomido

Pessoas inteiramente dominadas pelo capital
O velho mestre dizia: “Dinheiro na mão é vendaval.”
No final do dia todos esperam um temporal,
Pode ser o amor um sentimento tão desigual?

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Sombra



Pensando nos efeitos da pós-modernidade
Continuo buscando uma identidade
Filósofos tentam entender a verdade
Poetas querem um amor para eternidade

A morte continua sendo uma sombra
Homens usando o corpo como bomba
O radicalismo no mundo assombra.
A paz é simbolizada por uma pomba

O mundo está tomado pela tecnologia
Nos cantões do planeta falta energia
O desencanto se dribla com alegria
Prosperidade prometida pela simpatia

Tronos existem para serem derrubados
Não tenho mais medo de despedida
Não quero cúmplices e nem aliados
Eu sou capitão da minha vida

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Alcance




Olhos que parecem o Mar do Caribe
Doçura que revela certa nobreza
A tamanha beleza nada resiste
Perto de você eu perco a clareza

Quando me sussurra ao pé do ouvido,
desfaleço e perco o sentido.
Faço ares de recatado e tímido,
a minha vontade é tirar o seu vestido.

Já não consigo mais parar de te olhar
Você levou embora o meu sossego
Não me canso de contigo sonhar
Estou tentando dominar o meu medo

Gostaria de te mostrar o que eu vejo
Eu só queria ter uma única chance
Já fiz tudo que poderia ter feito
Mas, esse amor está fora de alcance.