sexta-feira, 19 de abril de 2013

Solidão pós-moderna




Preso na solidão da pós-modernidade
Perdi a capacidade de acreditar no outro
Creio ter perdido toda e qualquer capacidade
A completa descaracterização da identidade

No convívio com a impotência
Deparo-me com a prepotência
Uma vida cercada de aparência
Na tentativa de camuflar a decadência

Os amigos ganharam o mundo
A vida tomou outro rumo
Os pensamentos tornaram-se dissonantes
Assuntos cada vez mais distantes

A náusea é configurada pela ausência
Na tentativa de dar sentido a existência
Uma vida repleta de excrescência
Mergulhada na obsolescência

A passagem do tempo é uma imposição
Poetas buscam a verdade
Filósofos transitam pela retidão
Caminhar pela ambigüidade
É o mesmo que viver na ilusão

segunda-feira, 8 de abril de 2013

O samba dos orixás





Iansã venta na roda
Iemanjá é minha mãe
Vou buscando a minha cura
Junto às folhas de Ossãe

Oxalá meu grande pai
Traz a fartura pra minha vida
Ogum abra os meus caminhos
Para eu vencer minhas desditas

No azul do firmamento
Vejo as 7cores de Oxumaré
Dentro da mata virgem
Oxossi caça com Ode

Xango rei da justiça
Sei que seu raio me protege
Exu leva essa mensagem
Para deixar a bruma leve

Sou o senhor do meu destino
E nada vai me atrapalhar
Para saber da minha vida
Só indo ao jogo de Ifá

Vou tomar um banho de pipoca
Para me livrar dessas mazelas
Por baixo da palha da costa
Uma rara beleza se revela

Oxum é a deusa do amor
Do pecado original,
Assim como a maçã.
Quando a lama toma forma
Vejo o trabalho de Nana

sábado, 6 de abril de 2013

Maçã




Poderia passar um dia inteiro
Admirando o seu rosto linear e simétrico
O tempo para, estou prestes,
A atingir o ápice da contemplação.

Uma beleza é rara que deixa os homens em transe
Esse é o estado mais puro de quem medita
Quando ela anda abaixa os olhos
Ao sorrir o seu rosto se ilumina

Delicada como uma gueixa
Sensual como uma cortesã
Bendito é o fruto proibido
É tão simbólica quanto à maçã

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Lídia





Minha doce e linda Lídia
De olhar é meigo e sereno
Perto de você, me sinto pequeno.
O mundo se torna mais suave e ameno

Seu corpo estonteante
Me faz esquecer as agruras da vida
Seu sorriso tranquilo e deslumbrante
Me deixa aturdido e sem saída

Sua voz despertou o poeta
De um sono longo e profundo
Foi resgatado do exílio
Trazido de volta ao mundo

A paixão é a chama que arde
O amor é a luz que irradia
Caminhando juntos em um fim de tarde,
Ou, cedendo ao desejo que nunca sacia.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Eterno Amor





Nossa sintonia é quase perfeita
Imagino-me ao seu lado
Quando você deita
Dentre todas as musas
É você a minha eleita

Te conhecer foi como respirar novos ares
Foi a mais intensa troca de olhares
O mundo só se faz perfeito
Quando é concebido aos pares

Adoro sentir a sua respiração ofegante
Agora tenho a certeza de que nada será como antes
Sem você eu apenas existia,
Como mais um andarilho errante

Enfim, estou diante da mulher ideal.
De tão perfeita, chega a ser sobrenatural.
A nossa diferença abissal,
Fez do nosso amor um sobrevivente,
Tornando-o um sentimento sem igual

Em você gosto até do que eu não gosto
Seria um amor compulsivo ou neurótico?
Um amor acima de qualquer rótulo
Fraterno, eterno e heterodoxo.

Djavaneando




Nós ainda estamos juntos,
Sendo moldados pelo tempo.
Seguimos tentando 
de todas as formas
Sentimentos porém, 
não seguem normas.

São tantos anos de amor
Carícias, brigas e beijos.
Um encontro de dois mundos
Amor entremeado ao desejo

Quero te dar um cheiro no pescoço
Encaixar-me no seu corpo
Te acolher no meu peito
E assim, amanhecer ao seu lado.

Não sei até quando 
seguiremos assim
Eu sempre pensando em você
Você dizendo que vive 
pensando em mim
“Djavaneando” esse amor 
que não tem fim.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Como eu gosto dela




Eu gosto tanto daquela pretinha
Que eu não consigo deixar de pensar
O que seria da minha vida sem ela
Acho que nunca mais iria amar.

Não sei como pude viver
Tanto tempo longe dela
É como se a vida tivesse começado agora
De forma voraz, instantânea e sem demora.

Esse amor é daqueles que chega
E se instala no coração
Antes de contemplar aquele olhar,
Eu era apenas mais um na multidão.

Finalmente encontrei um lugar
No tempo e no espaço
Como é doce esse sorriso
Aconchegante é o seu abraço

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Ihéus, 1925


Ele era moço bonito
Ela vinha de um lugar distante
Ele veio de outro continente
Ela era retirante

Ele se preocupava com dinheiro
Ela só queria ser feliz
Ele andou sozinho o mundo inteiro
Ela viveu sempre por um triz

Ele era filho da solidão
Ela era filha da seca
Ele buscava a imensidão
Ela era de cama e mesa

Ele tentou domá-la
Ela queria apenas respirar
Ele usou as convenções como amarras
E ela com outro foi se deitar

Ele era ciumento
Ela era um espírito livre
Ele não suportou o tormento
Mas, sem ela, ele não vive.

Numa simples troca de olhar
Os dois destinos foram selados,
Assim como rio deságua no mar
É o encontro dos apaixonados