Coisas do amor

Aceitar novamente o amor,

É o dilema do coração que um dia foi magoado

Assim como, aprender a conceder o perdão

É a dificuldade daquele que nunca foi perdoado

Seria insensatez não perdoar o coração

Pra que fazer chorar um amor tão delicado

Mesmo que se transforme em romance de estação

A precipitação seria um ato tão desalmado.

É impressionante, como em um único instante,

A lacuna feita pelo tempo rapidamente desaparece

Todos entendem que nada será como antes,

Basta uma única troca de olhar, que o amor se reconhece.

Caminhando

Olha que já faz tanto tempo

E mesmo assim sigo te amando

Perdido de vez em quando

Insisto em seguir caminhando.

Não me imagino sem você por perto

Eu que sempre fui metido a esperto

Entendi que sem você a vida é um deserto

Um oceano que anseia em ser descoberto

Olha que já faz tanto tempo

E mesmo assim sigo te amando

Já não me pergunto até quando,

É amor, além, do tempo.

Só queria te ouvir sussurrando,

Juras de amor? Acho que não

Não quero te ver amarrada,

Nem condenada a essa prisão

Olha que já faz tanto tempo

E mesmo assim sigo te amando

Pode ser de longe,

Pode ser de lado.

Em silêncio feito um monge,

Ou de um jeito abobalhado

Já não me importa o futuro

E muito menos o passado.

Oração aos Orixás

Pierre Verger

Vou mandar rezar uma prece

Exu meu mensageiro

Entregue isso a Ogum

O orixá guerreiro

Ogum abra meus caminhos

Traga-me forças para lutar

Olhando a tempestade

Vejo Iansã dançar

Oxum embala meus sonhos

Nos braços da mãe adormeço

Obaluê carrega a cura

Sua força eu reconheço

Oxossi mora na mata

É caçador viril

Iemanjá é mãe de todos

Beleza igual nunca se viu

Vendo Xangô com seu machado

Bato cabeça e peço perdão

Em respeito a Oxalá

Me ajoelho em oração

Dia de príncipe

Príncipe do Carnaval.

Princípio de alegria,

Gosta de fazer amor,

Seu principado é a folia.

Príncipe da noite.

Princípio de açoite,

Gosta de Samba,

Governador dos Bambas.

Príncipe do mar,

A princípio veio de Recife.

De cabelos prateados,

Intitula-se “Macife”.

Príncipe das Mulheres.

Por princípio a coragem.

Gosta de fazer amor,

Rei da vadiagem.

Deusa da libertinagem

Formosa como a noite

Legítima filha D’Oxum

De pele macia

Seu sorriso é incomum

Doce é o seu olhar

Sereno é o seu semblante

Seu corpo é escultural

Sua beleza estonteante

As mulheres morrem de ciúmes

Faz dos homens meros amantes

Pensando em suas curvas,

Tenho alucinações delirantes.

O poeta quando te vê

Pensa logo em vadiagem

É a mais bela dentre as belas

Deusa da Libertinagem.