domingo, 4 de dezembro de 2011

Folhas ao vento


Olhando no espelho
Não perco a esperança
De recuperar os dias perdidos
De reviver minhas lembranças

Olhando pela janela
Vejo a vida em movimento
Será que as folhas caem
Ou será que elas bailam ao vento?

É preciso saber viver o sabor do tempo
Entender que o agora
É sempre o melhor momento
Poder respirar, relembrar e viver.

Cadência



Pensando em uma cadência
Coloquei um pouco de amor
Será que fiz um samba
Ou uma canção de louvor?

Peço licença aos bambas
Peço a benção dos meus ancestrais
Lembro do tempo que samba era bom
Um tempo que ficou para trás

Lembro do Samba sincopado
Samba de quadra, de Samba enredo
Samba sem pressa, sem desespero

Samba bom é aquele
Que transmite emoção
Faz a lágrima brotar
Na cadência do coração

Atravessando o tempo
Levantando o povão
Um bom samba é um mantra
Uma forma de oração

sábado, 3 de dezembro de 2011

Av. Brasil



Quando subo as escadas da passarela
Vejo a Av. Brasil do alto
Uma selva de concreto e asfalto

Brasil do Futuro
Brasil do progresso
Brasil que produz
Que produz desigualdade

Brasil, onde poucos vêem a luz
A luz no fim do túnel
A luz gerada pela eletricidade
Luz essa, que só é vista
Por quem mora na cidade

Brasil do interior
Brasil da desigualdade
Da fome, da cerca e da desnutrição
O Real Brasil de todos
Brasil que ainda vive
Sob a luz do lampião

Lampião que ilumina o trabalhador
Que esquenta o feijão
Que aquece do frio
Que acalanta o coração

Quando subo a escadas da passarela
Vejo a Av. Brasil do alto
De cima para baixo
País do progresso
De baixo para cima
Descaso e retrocesso

domingo, 20 de novembro de 2011

20 de Novembro

Pierre Verger

Bom dia pra quem é
De bom dia
Boa noite pra quem é
De boa noite

Filhos do açoite
Negros sem ação
Forjados na coerção
Iniciados na escravidão

Arrancados de casa
Sem nenhuma referência
Reis e rainhas
Tratados sem reverência

Escravizados na nova terra
Enjaulados como animais
Negros ancestrais
Miseráveis e sem paz

Na morte se encontra o descanso
O retorno, o banzo.
De volta à terra deixada
O reencontro com a liberdade
Que um dia foi usurpada.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Prometeus




Ao final do mais um dia
Vejo chegar o anoitecer
Sonhando com os carinhos
Que um dia eu hei de ter

Luto contra o tempo
Para não enlouquecer
Nessa prisão sem paredes
Não tem para onde correr

Assim como Prometeu,
Pelo pé amarrado estou.
Morrer de dor é minha sina,
Para enfim renascer no amor.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Estácio


Estácio é negro na alma
Estácio é negro na cor
Estácio é negro na raiz
No Estácio se morre de amor

Abrigou a pequena África
Na diáspora refúgio da dor
Com a ajuda da Tia Ciata
Expandiu-se em um ato de amor

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Doces Beijos




Não sei se chamo de maturidade
Eu nem senti o tempo passar
Acho que se chama sobriedade
Ou apenas uma nova forma de falar

Falar da falta que você me faz
A saudade de provar seus doces beijos
Ser fotografado pelo seu olhar
Tocar seu corpo ardente de desejo

Sinto falta da sua arte
Estou encantado pela sua magia
Com os olhos te devoro
E com a caneta
Te transformo em poesia

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ausência





Me poupe dessa felicidade infeliz
Me deixe mergulhar nas dúvidas
Navegar pelo mar das incertezas
Preciso me libertar dessa alegria imbecil

Vou cultivar a tristeza
A humanidade está doente de si mesma
Prisioneira de seus costumes
Refém da sua mania de grandeza

Desejo entrar em depressão
Me permita definhar até cair
Na solidão encontrarei a liberdade
E na ausência questionarei o devir 

No caos verei a solução.
E quem sabe um dia,
Talvez, eu volte a sorrir.


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Feliz Aniversário





Hoje é dia de festa
Vamos comemorar
É o seu aniversário
Cheiro de bolo no ar

A Pretinha é Libriana
Equilibrada por natureza
Vaidosa e serena
Demonstra sempre ter certeza

Quando nos vimos os deuses sorriram 
Um misto de alegria e encantamento
Sua beleza é esplendorosa
Assim como sol e o firmamento

Cozinheira de mão cheia
Ela sabe temperar
Até a comida do dia a dia
É boa de saborear

Agradeço a Deus, Pretinha.
Por ter conhecido você
Já vivemos tanta coisa
Nunca mais vou esquecer

Faço esses versos simples
Para te homenagear
Não são versos Alexandrinos
É só um jeito humilde de falar

Feliz aniversário
Para sempre vou te amar
Que seja eterno enquanto dure
É como diz o dito popular

sábado, 1 de outubro de 2011

A escuridão e a luz






Ao acenderem as luzes
Enxergo uma beleza rara
De olhos castanhos e pele clara

Por onde você andou?
O poeta nunca te viu antes
- Eu estava muito cansada,
Habitava uma terra distante

A vida se descortina
E o olhar sempre muda
Sob a tez da manhã
Sua beleza se desnuda

Escondeu-se no Breu
A solidão te conduz
Ao te ver meus olhos se encantam
Da escuridão se fez a luz

domingo, 7 de agosto de 2011

São Francisco de Assis

Pierre Verger


São Francisco de Assis
Santo milagroso
Homem misericordioso
De olhar piedoso

São Francisco de Assis
Defensor dos animais
Abandonou o conforto da casa dos pais
Tratou a pobres e mendigos como iguais

São Francisco de Assis
Pregou o desapego material
O amor incondicional
Sua alma é imortal

São Francisco de Assis
Entrego-te o meu coração
Seguir-te-ei com fé e devoção
Ajoelho-me aos teus pés em oração

sábado, 6 de agosto de 2011

Samba de despedida





Nunca hei de conseguir entender,
A dor da despedida.
Ainda não consigo acreditar,
Na hora da partida.

Foi na Quadra da Mangueira,
Que perdi o meu amor.
Lá na Estação Primeira,
Aos pés do Redentor.

Hoje é dia de festa,
Ao som do surdo,
do cavaco e do violão.
Transformo a dor da despedida,
Nesse lindo samba-canção.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Jeronimo de Stridon

Pierre Verger

São Jerônimo me traga inspiração
Para que eu possa escrever
Com amor e devoção

O senhor com seu livro
Está sempre a anotar
As injustiças desse mundo
Não irão mais perdurar

O leão está deitado
Esperando o senhor chamar
É guerreiro da justiça
O firmamento é o seu lugar

Com a pena na mão
A justiça enfim se fez
Apesar de ser cega
A escuridão se desfez

Oh! Meu São Jerônimo
A ti entrego o meu viver
Com machado duplo na mão
Eu grito: “Kawó Kabiyesi”

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Impossível




É normal a gente sonhar
Sempre quando cai o entardecer
Eu agora dei sonhar
Um sonho lindo de morrer

De repente eu vejo se transformar
Todo amor que há em mim
Não consigo deixar de te amar
Um querer que não tem fim

Estou te esperando no mesmo lugar
Envolto a flores de Jasmim
Impossível deixar de sonhar
O amor repousa em mim

Quando a vida quiser te levar
Depois de tudo que me deu
Irei ouvir a sua voz me embalar
Em um lindo soneto de adeus

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Procura-se



Procura-se um amor
Sem sabor de solidão
Um amor que queime a alma
E incendeie o coração

Procura-se um ator
Com atitude e retidão
Que faça o homem sonhar
Através de uma ilusão

Procura-se um pintor
Mesmo que seja de estação
Que transforme o frio do Inverno
No calor de um verão

Procura-se um sonhador
Que tenha a paz como ambição
O olhar de uma criança
E a força de um vulcão.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Atemporal


Procura-se uma mulher atemporal
Que viva o sabor de seu tempo
Que entenda os caminhos
E os percalços da maturidade

Relaxa! As marcas deixadas
Não serão mais apagadas
Entenda que a beleza
Não é a sua única arma

A maturidade traz encantos
A juventude traz disposição
Saiba passar pelo tempo
Perceba a leveza do vento

Amar aos 30, aos 40 ou aos 50.
Também vale à pena
Por tanto se sinta plena
Da mesma forma que a idade passa
Não saber passar por ela, condena.

Passe pela vida sem se arrepender
Afinal, as escolhas foram,
Todas feitas por você.
Não procure os motivos
Para se sentir só,
Deixa a vida ir embora,
E viva o que há de melhor.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

As horas


As pessoas que mais amo
São as que mais me causam dor
Os amigos estão ausentes
A ferida cada vez mais aparente

As pessoas que mais amo
São as que mais me deixam triste.
É essa saudade que insiste
A solidão que ainda persiste

As horas passam, as noites chegam.
Os afetos vão e os dissabores vêm
Sigo meu caminho nessa estrada
Já não quero mais ser a sombra de ninguém

As feridas não cicatrizam
As lembranças não amenizam
Só quero andar pela cidade
Odeio a busca insana pela felicidade

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Saudades de vó




Sinto a falta de alguém
Aqui nesse lugar
De pessoas que já se foram
De outras que nunca mais
Irão voltar

Do almoço de Domingo
Da comida da vovó
Quando lembro que ela se foi
Minha garganta dá um nó

Não consegui dizer eu te amo
Não consegui me despedir
Quando menos esperei
Chegou a hora dela partir

Para onde ela foi?
Isso eu não sei dizer
Quanto mais o tempo passa
Mais aumenta meu bem querer

Da mesma forma que ela foi
Quem sabe se um dia voltará?
Para os braços do netinho
Que está sempre a esperar

Saudade, eu sinto o tempo todo.
Quanta saudade eu sinto de vocês,
Saudade é uma palavra triste,
Que só existe no idioma português.

domingo, 19 de junho de 2011

Os caminhos do coração





O amor percorre caminhos
Até então desconhecidos
Quando usa uma rota de fuga
É considerado amor bandido

Quando segue o fluxo sanguíneo
O amor vem do coração
Uma vez idealizado
Ensaiado por Platão

Quando queima a alma
É o amor dos amantes
Ele nunca se acalma,
Ou se mostra relutante

Ao atravessar fronteiras
O amor se torna universal
O respeito à vida se faz fundamental
Não amar é a impossibilidade viver

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Olhos do coração


Te vejo com os olhos do coração
Adentro o seu íntimo como um furacão
Sua beleza beira a perfeição

Percebo a sua história 
Invadindo a minha memória
Assim nos encontramos  
E entramos em sintonia                         

As horas param
O coração acelera
O mundo se paralisa
O infinito se torna particular

Te olho com os olhos do amor
Estou pensando em você
Sem qualquer pudor
Da sua boca surge,
A mais bela canção de amor

Quando você passa o poeta se encanta,
Ao te ver, o olho dele se levanta.
A leveza de seu caminhar,
É como assistir a passos de dança.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Pierrot Apaixonado


Você me ensinou a
Provar todos os sabores
Me ensinou a gostar 
de todas as cores.
A beleza de ser universal.

Eu sou apenas um Pierrot,
Aquele palhaço que chora,
Com os olhos te devora.

Que não consegue,
Te tirar da memória,
Que conhece de trás para frente,
Todas as suas histórias.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Lembranças


Perdido em minhas lembranças
Sou amparado pela solidão
Ouço músicas, releio as cartas
Como se quisesse me unir ao passado

Um elo se fortaleceu ao longo do tempo
Me pego imaginando como seria
Envelhecer ao seu lado, te ver sorrir ao acordar
Ouvir suas histórias ao final do dia

Enfim me despeço das lembranças
Assim como dos amores e das dores.
As cartas o tempo irá apagar
As músicas serão eternizadas

As lembranças irão comigo aonde eu for
Dos fantasmas irei me libertar
Agora sim, me sinto livre.
Pronto para novamente recomeçar

sábado, 4 de junho de 2011

Intensidade


Ao olhar para você uma única vez
Me senti enredado como um peixe
Fui acuado como uma presa
Sem ter pra onde ir
E nem pra onde correr
Apenas pude viver intensamente.
Foi simplesmente esperar pelo amor
E por toda dor que estava prestes a chegar.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Demência


Sou um homem mediano
E não o príncipe encantado
Falo mais bobagens que poesias.
Será que poesias não são bobagens?

Bobagens de um tolo apaixonado
De um homem inteligente, sensível,
Atento, carinhoso e cuidadoso.
Mas será que existe um homem assim? 

Minha modéstia impede
O reconhecimento de tais predicados
E minha insegurança,
Realça meus defeitos.

Será insegurança
Ou será prudência?
Não é nada disso
Acho mesmo que é demência.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Fina Estampa




Mil poemas não seriam
Capazes de traduzir
O que sinto por você
É da ordem do inexplicável

A alegria inconteste
Já não consigo esconder
À vontade e nem o desejo
De mergulhar no sorriso Largo
De me perder nos seus beijos

Estar contigo
É o mesmo que navegar
Em mares turbulentos
Nunca antes navegados

Sua fina estampa
É repleta de paradoxos
Reúne a quintessência da sedução.
Dentre todas as suas imperfeições
É a mais perfeita de todas as mulheres.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Ancestralidade


Salve Aruanda!
Salve os Pretos Velhos!
Filhos do açoite
Negros de cor
Criados da escravidão
Embalados na dor

Salve o Orun!
Salve meus ancestrais!
Negros sem pai
Na senzala só ouviam os “ai’s”
O tronco era o destino
Traçado pelas mãos do Capataz

Salve a Vida!
Salve aos Orixás!
Por todos aqueles
Que lutaram pela liberdade
Descansem em Paz.

domingo, 1 de maio de 2011

Amou demais


O coração dele parou.
Ele amou demais.
Morreu de solidão,
A marca dos que ficam para trás.

Morreu sem mãe e sem pai,
Sem irmãos e sem sobrinhos.
Ah! Foi por isso que ele morreu,
Não quis mais ficar sozinho.

Família desvinculada,
Sem teto, sem lar.
Sozinho ele morreu,
Sem ter alguém para chorar.

Se amou, porque morreu?
Morreu por amar demais

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Coisas que eu não entendo






Existem coisas as quais eu não entendo
Existem coisas as quais eu entendo demais
Não sei por que esse vício me domina
Mas, sei que ele não me satisfaz.

Existem coisas as quais eu não entendo
Existem coisas as quais eu entendo demais
Às vezes creio que não questionas
Às vezes creio questionas demais

Existem coisas as quais eu não entendo
Existem coisas as quais eu entendo demais
Quero me livrar dessa angústia,
E ao mesmo tempo tudo em você me atrai

Existem coisas as quais eu não entendo
Existem coisas as quais eu entendo demais
Com Amor celebro a vida
Sem Amor aqui jaz.

sábado, 2 de abril de 2011

Amigos com privilégios





Amigos com privilégios é o que somos,
Quando estamos juntos nos adoramos,
Quando pensamos juntos nos olhamos,
Quando conversamos nos idolatramos,
Quando desejamos nos amamos.

Amigos com privilégios é o que somos
Aquilo que nos une, é o mesmo que nos separa.
O laço mais forte , o mais perene
Talvez um dia isso mude,
Um dia, um ano? Quem sabe?

Amigos com privilégios é o que somos.
O tempo não importa, estamos além dele.
Estamos além de nós mesmos
Não temos espaço e nem temos tempo
Quando julgamos nos desperdiçamos

Amigos com privilégios é o que somos
Se estivermos distante nos exilamos
Se sentirmos saudades no asilamos
Se pedirmos ajuda ao coração nos refugiamos
Afinal, o que questionamos?
A existência, o Devir? 

Amigos com privilégios é o que somos,
Quando discutimos nos despedaçamos,
Quando sentimos ciúmes nos cobramos,
Quando brigamos nos execramos,
Quando discordamos nos distanciamos.
Amigos com privilégios?
Será que somos?