quarta-feira, 30 de abril de 2014

Tecido Acrobático




Depois de tanto tempo afastado
Voltei para caminhar ao seu lado
Já sabia o que iria encontrar
Não entrei nessa desavisado.

Aparência de terra arrasada
Devastada por um furacão
Inconsolável pelos cantos
Dominada pela solidão

Não me lembro de ter lhe visto desse jeito
Frágil, sem saber direito o que fazer.
Não fazia parte da brincadeira?
Afinal, era ou não, prazer por prazer?

Qual é a moral dessa história?
Sinceramente, eu não quero saber.
A gente morre de noite,
E renasce ao amanhecer.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Oração aos Orixás III




Com Oxóssi pela mata adentro
Com Ogum viajo mundo a fora
Exu me protege da porta pra dentro
Xangô é quem sabe a minha hora

Oxum é minha mãe
Iemanjá é mãe também
Sopra o vento de Iansã
Linda é a cobra de Bessen

Oxalá me traz a calma
É preciso paz para respirar
O candomblé cuida da alma
Só o Tempo deixa tudo no lugar

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Diferença



Essa busca louca por igualdade
É pra quem tem medo da diferença
A vida é repleta de olhares
Um salve! Para todas as crenças

Cada um tem o seu tempo
Cada tempo tem a sua história
Aquilo que pertence ao passado
Deve ficar guardado na memória

Tento acreditar em Deus,
Mas, a vida segue adiante.
Preciso manter minha fama de ateu
Meu caminho é de um trepidante

Que segue acompanhando cada jogada
De longe ou sentado na arquibancada
Que não topa, mais qualquer parada
Quem olha pra tudo, privilegia o nada

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Soneto perdido



Os sonetos quando não aparecem
Percebo que o meu dia se entristece
É a angustia batendo a porta
A cabeça parece não estar disposta

É o mesmo que uma composição sem nota
Vida sem graça é vida sem resposta
Pior é ter que encarar o subterrâneo
Poeta sem musa ou coração de titânio?

O bom mesmo é ser de carne osso
Mais carne do que osso
E não carne de pescoço

Em busca do soneto perdido
Um poeta que vive escondido
Há beleza contida no desconhecido

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Convidada do amor



Têm determinadas historias
Que não apagam com o tempo
Sentimentos e memórias
Guardados no pensamento

Reminiscências do coração
O amor permaneceu no lugar
Ressignificado ou não
Nunca deixei de te amar

Hoje te acompanho de longe
Seguimos distante fisicamente
Com a paciência de um monge
Esse amor segue complacente

Não vejo a hora de encontrar
Uma viagem sem data marcada
Sem ter pressa ou hora para voltar
Do amor você é convidada

terça-feira, 15 de abril de 2014

Dissabor



Passei tanto tempo adormecido
Achei até que estava melhorando
Tentei permanecer entorpecido
Esquecido, como se habitasse Urano

Caminhei pelo planeta perdido
Aprendendo conceitos e teorias
Tentando não me enforcar com pano
Eu já não sei mais o que me guia

Transformações feitas a luz do dia
E eu não vi a revolução cubana
Saudades daquela guria
Lugar bom de chorar é a cama.

Sem abraço, sem carinho
Mas, sem essa de sentir dor
Solidão e um copo de vinho
É melhor do qualquer dissabor

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Gata Tereza



Gata Tereza
Pedra rara,
é a sua beleza.

Tereza Gata
De vestido
ou de regata.
Resgata a minha euforia

Gata Tereza
ambígua e safa
geminiana, é a sua certeza.

Tereza Gata
só pra você digo amém
De tudo um pouco você sabe
Será que isso, você sabe também?